Energia Eólica: a distância entre a necessidade e a aplicabilidade!
O atual debate sobre a importância das fontes de energias alternativas vem ganhando espaços na situação insustentável que o mundo se encontra. A energia eólica tem se tornado a saída para essa situação, presente de forma mais maciça na zona costeira do país, aproveitando o potencial dos nossos ventos, que atingem grandes velocidades constantes, principalmente no segundo semestre. Todo esse potencial tem credenciado o uso indispensável da energia eólica em conjunto com os seus custos-benefícios, tornando as suas estruturas elementos naturalizados nas zonas costeiras. Mas, toda intervenção na natureza tem um grau de impacto sobre o equilíbrio natural, acumulativos ao longo do tempo.
Fonte da imagem: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/negocios/novo-projeto-de-geracao-eolica-offshore-pode-injetar-r-14-bi-no-ceara-1.2976038. Acessado em: 05/07/2022.
Para que ocorra a disponibilidade de áreas propícias e rentáveis para as instalações das usinas eólicas é preciso "abrir espaços" para a fixação dessas estruturas, como na construção de estradas asfaltadas, obras de terraplanagem, desmatamentos, aterramentos, etc. Esses procedimentos descaracterizam geoambientalmente estes espaços geográficos, interferem na evolução fisiográfica das estruturas geomorfológicas, provocam impactos nocivos em áreas de fragilidade ambiental, destroem unidades geológicas importantes para estudos científicos, entre outros. Os problemas mais comuns na zona costeira atrelados a estes empreendimentos são: desmontes de dunas, desregulação no transporte de sedimentos, rápida supressão da vegetação pioneira, menor capacidade estoque de água nas camadas subsuperficiais, desregulação da migração de várias espécies da fauna local e a destruição de rochas sedimentares (geossítios) importantes para os estudos geocientíficos (como no caso dos Eolianitos). Além disso, soma-se os diversos problemas relacionados com a população local, que se encontram ameaçados de perder suas terras diante do avanço desses empreendimentos e da especulação imobiliária.
É evidente que a geração de uma energia limpa e alternativa é o desejo de todos, mas esse projeto não deve estar na contramão da realidade local, deve atender a quem necessita, deixando de lado essa extrema necessidade de lucrar sobre o que a natureza dispõe. Para isso, é preciso ouvir aqueles que estão na linha de frente, os moradores locais, pesquisadores dessa temática, trabalhadores em geral, empresas envolvidas, órgãos públicos e privados. Após rodadas de discussões é possível construir um projeto onde TODOS possam se sentir contemplados a tirar desse empreendimento alguma forma de ascensão econômica.
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