O crescimento econômico e o estranhamento do espaço marítimo

 Quando você vai para a praia, o que costuma fazer por lá? Você realmente vai para a praia? Qual é a frequência? É compreensível que o fluxo do tempo torna tudo diferente, e é assim que os espaços vão se transformando por questões naturais (ação mútua de agentes endógenos e exógenos na natureza) e antrópicas (fixação de técnicas e tecnologias no meio). De forma automática o comportamento do ser vivo tende a obedecer as regras que o ambiente impõe, foi assim que o evolucionismo se tornou uma ideia bem postada. Mas, quando falamos da rápida transformação do espaço geográfico por fatores antrópicos podemos entender que os elementos naturais se tornaram rústicos e excêntricos, distantes daquilo que é comum no cotidiano das pessoas.

Tomar banho no mar, se enterrar na areia, andar sem rumo na faixa de praia, observar a vida marinha nos recifes de arenitos são práticas que se tornaram incomuns diante desse contexto de afastamento do meio natural, sendo cenas possíveis apenas em filmes. As praias se tornaram ambientes para fotos pomposas, filmagens de lazer, status e glamour, tudo distante da realidade que por vezes é complexa e maléfica para os povos tradicionais do litoral. Nossa teimosia em se afastar do meio natural e enquadrar-se no comportamento moderno e sofisticado nos deixa leigos diante das verdadeiras respostas que estão nos confrontando. Preferimos consumir os frutos do mar calmamente em um restaurante bacana na Beira-Mar, sem se perguntar de onde vem aquilo que comemos, o local onde comemos e a forma como esse serviço altera os dinamismos naturais. 

É compreensível escutar daqueles que lucram nessa situação de que tudo isso é bobagem, mas não é possível aceitar que a população que nada tem e só perde aceite mansamente as diversas atrocidades que se acumulam no tempo, como a mercantilização do ambiente praial, a privatização que priva até mesmo o banho de Sol e a artificialização do espaço vivido. Afinal, a praia pertence a quem? 

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