A alta dinâmica dos ambientes marinhos

 

O crescimento do debate sobre as mudanças climáticas antropogênicas está relacionado com a necessidade de criar projetos ou planos para amenizar diversos problemas que podem ser potencializados futuramente, como no caso do avanço do mar que pode motivar casos de insegurança alimentar a partir da salinização dos lençóis freáticos, gerando consequentes vulnerabilidades socioeconômicas. Nesse contexto é preciso compreender os efeitos da ação dos diversos agentes dimensionados em multiescalas (assunto primordial nos estudos geográficos), que atuam sobre um determinado espaço e que podem estar em processos cíclicos ou não. É nesse sentido que as pesquisas teóricas sobre o assunto devem estar em constante acompanhamento, construção e renovação a fim de auxiliar os futuros planejamentos e intervenções por parte dos representantes políticos.

Essas questões passam por um estudo de causa e efeito em multiescalas, sendo necessário a comunicação entre os cientistas de diversas áreas para a construção de uma visão holística sobre a natureza. Ações nesse sentido podem ser identificadas nos relatórios do IPCC, mas há pouca aplicabilidade para as questões mais locais. O desenvolvimento de estudos pautados na interpretação da ação multiescalar dos fatores que atuam em um determinado espaço pode proporcionar a delimitação daquilo que é permissível e daquilo que é proibido no processo de apropriação do espaço, buscando desenvolver uma economia racional e sustentável que se adéqua as características geoambientais. No caso das zonas costeiras considera-se que há uma maior urgência da construção desses estudos por conta da alta dinamicidade natural e das rápidas mudanças paisagísticas. A ausência de um gerenciamento costeiro efetivo e competente possibilita a existência e acumulação dos problemas ambientais, podendo ser intensificados a depender do comportamento dos fatores em macroescalas, sendo necessário a sua estruturação a longo prazo.

No caso da zona costeira do Estado do Ceará foi possível identificar uma carência de trabalhos que possam trazer uma relação entre as mudanças climáticas antropogênicas com as dinâmicas dimensionadas em microescalas. O desenvolvimento de pesquisas científicas na área torna-se urgente diante do acelerado processo de exploração do espaço, gerando inúmeros desequilíbrios ambientais. Dessa forma, é preciso pontuar a necessidade de se construir pesquisas que possam discutir o comportamento dos fatores em macroescalas e as eventuais consequências em microescalas. Outro ponto a considerar nesse contexto é o contínuo questionamento das causas e dos efeitos gerados pelas inúmeras intervenções antropogênicas que se diferenciam no tempo e no espaço, e que devem ser levados em consideração no processo de construção de novos projetos de apropriação dos espaços. As vulnerabilidades da zona costeira no litoral do Ceará tem relação com o acelerado ritmo de apropriação e exploração dos recursos naturais, sendo preciso repensar essas intervenções com o propósito de ofertar justiça social e ambiental para os povos do litoral.




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