É preciso respeitar o limite de propagação das ondas
As ondas são formadas pela ação do vento sobre a superfície do mar. O relevo do fundo marinho deverá influenciar na duração de formação dessa onda (seu período). No momento que a onda começa a sentir os efeitos de fundo acontece o processo de "quebra" (arrebentação), diminuindo assim a sua altura. No Ceará as praias são planas e apresentam (em geral) sedimentos finos, isso prevalece a sucessiva quebra dessas ondas (sua dissipação), que tendem a se espraiar por largas distâncias.
Existem dois tipos de ondas:
Onda sea = apresenta variados períodos e direções, meramente locais, geradas para onde o vento está soprando. As praias no Ceará são atingidas 80% do ano por este tipo de onda (Ver trabalho de Pinheiro et al. (2016));
Onda swell = desloca-se a milhares de quilômetros de onde foi gerada, ditada por ventos externos, apresentando grandes comprimentos, pequenas amplitudes e maiores períodos em oceano aberto.
A ação das ondas na face de praia promove a constante remobilização dos sedimentos das zonas mais altas das praias atingidas apenas nas marés altas (pós-praia), para as zonas mais baixas e submersas boa parte do tempo (antepraia). Entre essas zonas está o estirâncio, que é identificado como a parte da praia exposta na maré baixa e encoberta na maré alta.
O mecanismo de transportar os sedimentos em forma de zig-zag (ver publicação neste blog sobre a deriva litorânea) da pós-praia para a antepraia promovida pelas ondas é o principal processo de formação e evolução das praias. Qualquer obstáculo que esteja impedindo ou dificultando o trânsito de sedimentos influenciam nos processos evolutivos. Por esse motivo, considera-se que a instalação de barracas nas áreas de propagação das ondas torna-se um fator maléfico que interfere diretamente neste "trânsito", isso sem falar nas possíveis perdas materiais destas estruturas sobre a linha de costa.
Apresenta-se na foto abaixo (abril de 2018) barracas na área de propagação das ondas na Praia das Barreiras, em Camocim - CE.
Fonte: PINHEIRO, L. S; MORAIS, J. O.; MAIA, L. P. The Beaches of Ceará. In: SHORT, A. D.; KLEIN, A. H. F. (Org.). The
Beaches of Brazil. Amsterdam: Springer, v. 1, p.
175-199, 2016.
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